“As coisas antigas, essas ficarão”
A ação do tempo na fotografia de Emmanuel Rabelo Jr
Márcio Almeida*
Cientista social formado pelo INESP, ex-professor de História e Geografia de 2º grau no Polivalente, Escola de Comércio e Pinheiro Campos, Emmanuel ou Manuelzinho descobriu-se fotógrafo e há algum tempo vem produzindo registros peculiares. Ele se justifica: Optei pela fotografia em razão de algumas frustrações: por não ser artista, ter péssima voz, não tocar nenhum instrumento musical, não ser um artesão das palavras, mesmo gostando de Literatura”
Referências fotografias: Dois fotógrafos, basicamente: Ernesto Veloso, pelo insólito de suas imagens, e Sebastião Salgado, pelas reportagens de denúncias da desigualdade social no mundo. É o mestre da fotografia contemporânea.
Manuelzinho usa uma Kodak digital 4 mp. Suas fotos, em p&b ou a cores, privilegiam o registro da ação do tempo sobre imóveis – casas, murros, fachadas, fendas, rachaduras, de que extrai um lirismo realista sobre a construção humana sobretudo urbana. Temos uma bela arquitetura em Oliveira, pontua o fotógrafo, desde o casario colonial, duas igrejas tardo-barrocas até obras pós-modernas. Tudo isso é fonte perene de registro para um fotógrafo. Venho registrando a beleza dos prédios, a destruição pelo tempo e pelo descaso de muitos proprietários. O exemplo maior é o antigo Palácio das Águias, hoje ruínas das águias.
Seu conceito de fotografia é típico de um profissional que usa o talento para obter experiência: A fotografia é sempre importante por perpetuar o tempo. É a imagem de um momento único resgatada para a história.
Essa concepção de registro imanente das coisas está presente em fotos de escadas que expõem “poses”, muros-escombros cuja feiúra remete o olhar para imaginar a beleza original antes do tempo morder o segredo dos adobes desvelados; de trilhos férreos que parecem não levar a lugar algum;de ipês tecendo um tapete áureo e fugaz no jardim da praça do hospital; de um rei perpétuo do Rosário absorto em sua tradição e fé religiosa. Não há simulacro nas fotos manuelinas; não há máscaras de filtros ou arranjos químicos e da fotogenia de massa. Nelas as coisas são o que são. A máquina fotográfica é apenas o instrumento para perenizar o tempo onde escorrem por muitas e muitas décadas fios de Sol, chuvas escorreitas, ventos diamanteiros, colas de cartazes, mijos bêbedos, capins, bichos de parede e olhares indiferentes.
Márcio Almeida é jornalista, professor universitário, poeta e apaixonado com fotografia.
05 dezembro 2007
Postado por manuelzinho rabelo às 21:02 1 comentários
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