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04 outubro 2008

a cezar o que é de cezar

É DIFÍCIL votar ou ser eleitor no Brasil, pois os partidos não têm qualquer controle de qualidade, gerando a oportunidade de formação de câmaras municipais, assembléias estaduais e parlamento nacional tão despreparados quanto capazes de se transformarem em fator de risco para a população, uma vez que costumam elaborar leis que são um verdadeiro atentado contra a harmoniosa e necessária convivência em sociedade.
AINDA AGORA, contrariando a indispensável separação do Estado de toda e qualquer igreja ou denominação religiosa, assistimos ao desenvolver de esforços por pate de determinados políticos defensores de projeto de emenda de lei abraçado rcom entusiasmo pelo bispo Marcelo Crivela, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, por meio do qual os recursos que, hoje, são destinados à combalida cultura nacional receberiam a concorrência da “sacolinha” das igrejas. Ou seja, a construção, a reforma e a manutenção dos templos, incluindo os salários devidos aos religiosos, seriam situações e fatos equiparados ao lançamento de livros, criação e montagem de peças teatrais, composição musical, manifestações folclóricas, restauração e conservação de centros históricos etc.
INFELIZMENTE, essa medida retrógrada e atentatória à cultura e às artes, maculando o próprio princípio da liberdade religiosa, pode terminar alcançando êxito, pois a bancada evangélica é numerosa e sempre se nos apresenta disposta a unir-se em torno de seus interesses e, assim, tirar proveito do fisiologismo político, que é tão intensamente praticado nas hostes congressuais que contribuiu para a desmoralização de bem-intencionada assertiva franciscana, na qual nos deparamos com a pregação de que “é dando que se recebe”.
A POPULAÇÃO precisa mobilizar-se para impedir que o Estado brasileiro deixe de ser moderna e constitucionalmente laico, pois, pelo andar da carruagem, ou melhor, do andor, nosso parlamento está fadado, em breve, a se reunir – revivendo o período do obscurantismo da Idade Média – para julgar e levar cidadãos à fogueira de inquisições extemporâneas, fora de época e certamente modernizadas, utilizando-se de avançado forno crematório patrocinado por verbas públicas, então legalmente auferidas e garantidas pelo Projeto de Emenda à Lei Rouanet, que como está posto carreará muito dinheiro para as igrejas e, ao mesmo tempo, abalará a fé do povo no Estado, que deveria cuidar somente do que lhe diz respeito, à maneira do ensinamento de Jesus Cristo: “A César o que é de César. A Deus o que é de Deus”.
E, NESTE MOMENTO, parafraseando o pensamento de Cristo, diríamos: à Lei Rouanet, a cultura que lhe compete patrocinar, incentivar, proteger e entronizar no altar da consciência do povo brasileiro.
Carlos Lúcio Gontijo
www.carlosluciogontijo.jor.br