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26 julho 2008

antes que morramos





ANTES QUE MORRAMOS!

(*) Carlos Lúcio Gontijo

NÃO É fácil a obtenção de sucesso no combate ao consumo de drogas, pois as ações não estão atreladas apenas à ampliação da atuação das polícias militar e civil, exigindo intervenção na conjuntura social com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino e ao lazer, como forma de livrar os jovens da falta de perspectivas e descrença em relação ao futuro.
O TRAFICANTE existe porque existe o consumidor e não é possível quebrar essa lógica sem fortalecer os mecanismos de proteção às camadas mais jovens, que, sem oportunidade de escola e emprego, se transformam em presas fáceis para os agentes do narcotráfico, que lhes acenam com dinheiro fácil como “vendedores” ou com o distanciamento passageiro da realidade dolorosa em que vivem, por meio do consumo e do vício.
RECENTE levantamento divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que o Brasil está entre os países em que a demanda pela droga aumentou. A proporção da população brasileira entre 15 e 64 anos que consome cocaína passou de 0,4%, em 2001, para 0,7%, em 2005.
OS DADOS nos dão conta de que a população do Sul e Sudeste do Brasil é a que mais consome maconha, cocaína e drogas sintéticas, constituindo um contingente de 860 mil dependentes químicos. Essa lamentável revelação explica o porquê de a violência ter avançado de forma intensa entre os jovens, que tanto se envolvem em crimes considerados bárbaros quanto são vítimas da criminalidade. A tendência é nitidamente de aumento do consumo de entorpecentes – o que exige mais combate contra o narcotráfico, que leva muitos jovens à morte, infelicita e destrói lares, que são o sustentáculo da sociedade, ostentando tão divina e luzidia magnitude que Deus, ao colocar seu filho no mundo, optou por fazê-lo nascer no seio de uma família.
É POR demais entristecedora a constatação de que uma grande porcentagem de jovens entregues ao submundo do envolvimento com drogas advém de lares desestruturados, nos quais a falta de sintonia emocional e espiritual gera a impossibilidade de diálogo, fertilizando o desamor, numa comprovação explícita de que o amor é sentimento que, como qualquer semente, exige condições mínimas para prosperar. O problema da droga não é, portanto, diferente das demais questões sociais, que têm como pano de fundo e raiz o completo desrespeito a valores básicos para a convivência em comunidade, a começar da desvalorização da vida, fenômeno que se transformou numa espécie de alucinógeno sociopata, impulsionando o ser humano a desrespeitar, a agredir e até matar seu semelhante a troco de nada. Enfim, é claro que é necessário combater com energia todo esse estado de coisas, mas sobretudo é preciso ser colocada em prática uma educação para a vida, cuja duração efêmera só se nos revela quando dobramos a esquina e, surpresos, não reconhecemos a paisagem. Estamos mortos!
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
(www.carlosluciogontijo.jor.br)

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu caro amigo, o tema é complexo e cheio de casos diferentes que requerem ações, também, diferentes. Só para ilustrar o marido de uma prima, ao descobrir que seu filho estava afundado no mundo das drogas, o acompanhou pensando salvá-lo. Afundou-se com ele. Em setembro último foi seu sepultamento vítima de câncer cerebral. Este vício parece com a queda das pedras de dominó!
Abraços.
Antônio Fonseca