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26 julho 2008

PREVIDÊNCIA E INSENSIBILIDADE POLÍTICA

* Carlos Lúcio Gontijo

A QUESTÃO da Previdência Social precisa ser analisada com a devida sensibilidade e visão da importância do INSS para os trabalhadores, que vivem sob o temor de mudanças que os afetem tanto quanto o fator previdenciário, introduzido no governo Fernando Henrique Cardoso e que reduz o benefício da aposentadoria, quando solicitado, em cerca de 30/35%, pois incidem sobre os cálculos o tempo de serviço e a idade, levando o aposentado a jamais atingir o teto, hoje estabelecido abaixo de R$3 mil.
HÁ UM crescente pavor da sociedade em relação à Previdência Social, originado das constantes informações pessimistas propagadas pelo governo, que assim age para facilitar o encaminhamento da idéia fixa na promoção de medidas drásticas que conduzam à precarização dos benefícios previdenciários, esquecendo-se que o INSS é o mais abrangente dos mecanismos de distribuição de renda de que o Brasil dispõe. Há pequenas cidades que têm no aposentado o maior consumidor e milhares de famílias que têm como arrimo o sacrificado segurado do INSS.
DIANTE DE tantos anúncios de que o caos está próximo, colocando a Previdência Social como um sistema falido e praticamente sem saída, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou, recentemente, dados que contradizem as informações apocalípticas oficiais. Defende a entidade a tese de que a Previdência, desde a Constituição de 88, conforme definição dos artigos 194 e 195, passou a pertencer a um sistema mais amplo chamado Seguridade Social, que vem apresentando surpreendente e revitalizante superávit.
O COFRE único, além das contribuições previdenciárias, recebe recursos de outras fontes de receita, incluindo tributos como Cofins e valores arrecadados com os bilhetes de loteria. Ou seja, em síntese, as propostas de retirada de direitos dos trabalhadores, ainda que futuros, não se sustentam, pois são (ou seriam), segundo a CUT, fundamentados em uma falsa crise da seguridade social.
INEGAVELMENTE, a bandeira levantada pela CUT vem em boa hora, pois as previsões são de um rápido envelhecimento da população brasileira, que espera contar com o amparo de uma Previdência Social sólida e eficientemente gerenciada pelo governo, que precisa deixar de investir na propagação de imagem negativa do sistema público de previdência, sob a única meta de subtrair direitos dos trabalhadores privados.
COMPETE às entidades e associações ligadas à classe trabalhadora se moverem no sentido de defender o INSS, pois nossos representantes políticos não estão nem aí para o problema, uma vez que têm fontes de renda pra lá de suficientes para livrá-los do drama do atendimento médico experimentado pelo cada vez mais sucateado Sistema Único de Saúde (SUS) ou da dependência da concessão de minguada aposentadoria pela Previdência Social, que abriga a imensa maioria da população brasileira, à qual cabe tomar a decisão de criar, por intermédio da anulação em massa do voto, um fato novo capaz de acordar a classe política, que tem no cidadão-eleitor apenas a matéria-prima que lhe legitima o mandato, ao qual exerce em causa própria e distante dos desígnios democráticos que deveriam nortear as ações do Parlamento brasileiro – tão perverso quanto perdulário e insensível ao sofrimento do povo.
*Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
(www.carlosluciogontijo.jor.br)

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