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27 agosto 2009

na carreira dos enta

____________________________________________________________________________ marcio almeida

A vida, enfim, passa a ser só o problema.
Ao chegar mais longe, viva o passado.
O seu porvir, com otimismo, é o dilema:
decrepitude, desmemória, lance sem dado.

O que foi prazer, hélàs!, não se repete,
pior é o tempo – caminho em fuga:
o que era doce hoje amarga diabetes,
o rosto em fogo? – um canyon de rugas.

Mire-se no espelho: você é quem?, diga
a seus iguais anciãos de banco,
de filas que se empurram com a barriga,
veja: pois faltam até cabelos brancos...


Nessa idade se despede o que não pode,
o que não deve vira lei e cobra caro.
A vida pende para ser mais um Herodes:
- muito cuidado com espirros e esbarros.

Aquela pinga com torresmo, muita cautela!
Qualquer excesso, até de água, vira milícia:
o amor é o que já não se faz com ela,
maturidade é uma infância com malícia.

E vai-se em frente com a coragem em polvorosa,
mesmo porque, não minta! – é sem retorno.
Envelhecer é digno como espinho duma rosa,
fica o exemplo que, fértil, se molda em torno.

Há bobices que os pré-velhos têm nos lábios
que matracam entre dentes de resina,
não é o tempo o mestre justo do que é sábio,
mas o que a falta não permite sorte e sina.

Há todo um imbroglio de armadilhas à saúde,
que a vida ousada ou só brinquedo fez doer:
pois tecle um para lembrar bolas de gude,delete o mal que a vida

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